O setor de engenharia clínica (SEC) é uma área hospitalar que, felizmente, vem sendo considerada e incluída nos projetos dos melhores arquitetos hospitalares. Contudo, ainda encontramos muitos empreendimentos sendo lançados sem a previsão desta área em projeto, e tantos outros que a dispõem com layout inadequado ou espaço insuficiente.
Sobre o que vamos falar:
Como projetar um setor de engenharia clínica:
Estamos considerando aqui modelo de SEC para atender um hospital de médio porte (150 leitos), então o espaço deve acomodar uma equipe de engenharia clínica composta por:
- 1 Supervisor de Engenharia Clínica (engenheiro clínico)
- 1 Assistente Administrativo
- e mais 3 ou 4 técnicos
Área para manutenção eletrônica / área seca
Estas bancadas são destinadas às manutenções eletrônicas, calibrações e testes. Então, é importante que se tenha boa disponibilidade de tomadas elétricas sobre as bancadas, algo em torno de duas tomadas a cada 50 cm e uma boa iluminação.
Também recomendamos que sejam previstos conjuntos de gavetas abaixo das bancadas para guarda de acessórios, peças, cabos e outros objetos de uso dos técnicos.
Leia mais: Dicas de projetos para Centro Cirúrgico
Vale lembrar que é usual ter pelo menos um computador na bancada para uso compartilhado dos técnicos que precisam lançar no sistema informatizado os dados de suas ordens de serviço. Portanto, é preciso prever um ou mais pontos de dados para essa bancada.
Acima da bancada pedimos que exista uma prateleira alta e com firmeza para aguentar o peso de alguns equipamentos em manutenção e ainda analisadores de teste. Para esta prateleira também solicitamos que se tenham tomadas distribuídas.
Outra dica é dispor de painel logo acima das bancadas para organização das ferramentas. Fica prático e funcional!
Área para guarda de equipamentos
É muito importante que haja no SEC uma área destinada para a guarda provisória de equipamentos de variados tamanhos.
Sugerimos que uma área seja demarcada no piso com fita tracejada para o estacionamento dos grandes equipamentos e ainda, que existam prateleiras em alturas diversas para a guarda dos pequenos equipamentos.
Estas prateleiras de guarda de equipamentos precisam de farto conjunto de tomadas elétricas, pois os equipamentos podem precisar ter suas baterias recarregadas antes de serem devolvidos ao setor clínico.
Outra coisa: lembrar de prever pontos de gases para teste de equipamentos de suporte ventilatório, anestesia e outros. Dispor de pelo menos 01 ponto de ar-comprido e 01 ponto de oxigênio já ajuda muito no SEC. Gostamos de posicionar estes pontos na parede próxima a área de estacionamento de grandes equipamentos.
Confira também: Equipe Engenharia Clínica: interna x terceirizada
Área administrativa:
Muitos documentos são gerenciados pelo setor de engenharia clínica. Aqui na Equipacare, por exemplo, temos padronizados os seguintes documentos de uso do SEC:
- Ficha de Cadastro de Equipamentos (FC);
- Ordem de Serviço (OS);
- Rotina de Inspeção (RI);
- Avaliação de Equipamentos (AE);
- Certificado de Calibração (CC);
- Relatório Técnico (RT);
- Relatório de Atividades (RA);
- Solicitação de Investimento (SI);
- Lista de Presença (LP);
- Avaliação de Treinamento (AT);
- Certificado de Participação (CP);
- Ficha de Cadastro de Fornecedores (CF);
- Termo para Demonstração (TD);
- Avaliação de Demonstração (AD);
- Comunicado (CO);
- Comunicado Escala de Atendimento (EA);
- Plano de Contingência (PC);
- Termo de Saída (TS);
- Declaração de Confiabilidade (DC);
- Contrato de Serviços (CS);
- Nota Fiscal (NF);
- Comprovante de Habilitação e Qualificação Técnica (CH);
- Catálogo de Equipamentos (CE);
- Manual de Equipamentos (ME).
Enfim, é documento pra caramba!
Naturalmente que o número de impressos vem caindo cada vez mais com os arquivos em meios digitais, mas ainda precisamos garantir que os arquivos em papel tenham local adequado de arquivamento. Então, para um SEC deste porte, são necessários pelo menos três armários de arquivos.
Confira o projeto do setor de engenharia clínica em 360º
Além disto, prevemos armário com porta baixa e prateleiras para guarda de manuais e fichários. Também disponibilizamos um armário com portas de vidro para guarda de produtos químicos para limpeza, lubrificação e manutenção.
Sobre a mesa do supervisor de engenharia clínica, veja pela imagem abaixo que gostamos de posicioná-la de forma que se tenha boa visão de todo o setor.
Até porque é muito frequente que fornecedores de produtos e serviços visitem a engenharia clínica, e justamente por isto que foi prevista logo próximo à porta de entrada uma longarina de três lugares para espera.
Área para manutenção mecânica / área molhada:
Alguns dos procedimentos de teste, limpeza e manutenção realizados no setor de engenharia clínica requerem o uso de água. É o caso de manutenção em equipamentos de hemodiálise e osmoses portáteis.
Também temos rotinas de limpeza mais pesada, que envolvem aspirador ou soprador que fazem considerável bagunça e ruído.
Por este motivo que orientamos que o projeto de SEC tenha previsão de uma “área de manutenção suja” ou “área molhada” numa sala separada da área de manutenção eletrônica e da área administrativa.
Neste ambiente precisamos de uma bancada mais resistente, tipo uma mesa de madeira mais pesada que possa suportar a instalação de uma morsa-torno ou esmeril.
Observe que esta é a única área do setor de engenharia clínica com ponto de água e dreno (tanque e ralo).
Nos hospitais em que o serviço de engenharia clínica é terceirizado, acaba que nós também temos usado esta área para disponibilizar um armário tipo vestiário para a equipe ter onde guardar mochila, objetos ou uma roupa sobressalente.
Contudo, nada é tão importante quanto a “área do cafezinho” (rsrsrs). Brincadeira né… ninguém é de ferro.
Considerações finais sobre o setor de engenharia clínica:
Conhecemos alguns hospitais que têm setores de engenharia clínica maravilhosos, com sala de reunião, sala do chefe, banheiros e tudo mais. Contudo, a realidade da maioria não é tão boa assim. Quantas vezes não vamos encontrar a engenharia clínica naquela pior salinha do subsolo. Sabe aquela sem janelas e do lado do morgue? Pois é.
Ficamos na expectativa de que as dicas deste post e as imagens 3D que foram gentilmente elaboradas por nossa equipe de projetos possam de algum modo ajudar para que os futuros projetos hospitalares compreendam um setor de engenharia clínica com conforto e espaço para o desenvolvimento de nossas atividades.
Qualquer sugestão que tiver, fique à vontade para deixar comentários. E se gostou, compartilhe com os colegas.
Ficou interessado no projeto do setor de engenharia clínica completo, em 2D? Baixe agora!
Gostou do projeto e quer um orçamento para o seu empreendimento? Entre em contato com a nossa equipe comercial.
fantastico
Gostei muito das preocupações e particularizações para atender toda sorte de equipamentos.
Ainda caberia um lugar para equipamentos padrões ou de referências que são indispensáveis para o setor.
De muita utilidade este post, isso beneficia um melhor trabalho de qualidade.
Obrigado pelo feedback Gilmara, estamos a disposição.
Att
Guilherme Xavier
Muito bom o artigo. Quando no artigo se diz “área de manutenção suja” e área molhada”, há possibilidade de um equipamento de centro cirúrgico, por exemplo, estar internamente com resíduos de sangue ou excreções de pacientes?
Olá Damião,
Que bom que gostou do artigo!
O termo “área de manutenção suja” refere-se à manutenções em que os procedimentos realizados podem levantar poeira e/ou outros resíduos. Por isso, a área deve estar separada dos demais ambientes do setor.
De outra parte, o equipamento advindo do setor deve estar limpo. No entanto, pode ocorrer que ao ir para a área limpa (bancada de eletrônica) o técnico, ao abrir o equipamento, verifique resíduos infectantes que precisem de tratamento específico, nesse caso é imprescindível o uso de EPIs. Na Equipacare a padronização dessa tratativa é feita juntamente com a CCIH.