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Confira entrevista com o presidente REMESP, Celso Scaranello

No dia 31/03/16, a REMESP (Rede Metrológica do Estado de São Paulo) em parceria com o Hospital Sírio Libanês estará realizando a 6ª edição do evento Metrosaúde, que reunirá em São Paulo importantes representes da área pública e privada do setor de saúde para discutir e promover, no âmbito da metrologia, o desenvolvimento da competência técnica e de gestão da qualidade para melhoria dos serviços de saúde.

O evento é a oportunidade para profissionais e estudantes da área de saúde interagirem com representantes de órgãos do governo, agências regulatórias, associações de classe, organismos de avaliação da conformidade, instituições de ciência e tecnologia, universidades, indústrias e laboratórios de calibração.

Aproveitando esta importante ocasião, o Blog Equipacare esteve em São Paulo  para realizar uma entrevista com o presidente do REMESP, Dr. Celso Scaranello sobre a  importância da metrologia para o setor de saúde e às expectativas para o a edição de 2016 do evento Metrosáude.

1. Equipacare: Celso, primeiramente poderia nos contar um pouco sobre a REMESP?

Celso: A REMESP é uma associação, sem fins lucrativos, criada em 1998 com a incumbência de congregar pessoas físicas e jurídicas para a promoção e o desenvolvimento da Metrologia. O seu surgimento se deu pela necessidade de se criar uma entidade que pudesse reunir e integrar os laboratórios de Calibração e Ensaios do Estado de São Paulo para, de forma organizada, poder representá-los junto aos organismos públicos e privados. Além disso, foi vista como a solução para o desenvolvimento da competência técnica e de gestão para a melhoria da qualidade dos serviços prestados.

2. Equipacare: E qual visão da REMESP em relação à metrologia dentro do mercado de saúde?

Celso: A saúde é um setor extremamente regulamentado e complexo. A nossa visão é que o sistema da saúde requer uma ação conjunta do setor privado envolvendo prestadores de serviços de saúde, as indústrias de dispositivos médicos e materiais, agências reguladoras e usuários. No nosso entendimento a indústria brasileira vem cumprindo bem o seu papel apresentando ao mercado produtos com qualidade internacional. A questão é que, a partir do momento que estes equipamentos são colocados para os seus usuários, muitos não cumprem as exigências e requisitos de manutenção para que possam operar de forma correta.

3. Equipacare : Mas como a REMESP tem atuado para melhorar este cenário?

Celso: Primeiramente promovendo debates entre representantes das agências reguladoras, fabricantes e usuários, por exemplo, o evento Metrosaúde 2016 terá como objetivo principal justamente a discussão destas questões e promover a melhoria destas relações. Mas ainda dentro deste contexto, também pretendemos atuar mais fortemente na capacitação técnica dos laboratórios e profissionais que atuam no setor da saúde: engenheiros clínicos, técnicos, enfermeiros e médicos são atores fundamentais para a melhoria da qualidade destes processos. Inclusive, o entendimento dos conceitos metrológicos e a gestão das calibrações são fundamentais nesta capacitação. Com o incremento do número de organizações de saúde que buscam a certificação dos seus sistemas de qualidade, outro profissional que merece toda a nossa atenção é o auditor técnico. Esses profissionais, muito importantes nas homologações, necessitam de conhecimentos técnicos em metrologia de calibração, de modo a terem a competência técnica para ler e interpretar os certificados elaborados por laboratórios acreditados ou reconhecidos por sua competência técnica.

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4. Equipacare: Bem, já entrando no assunto sobre o Metrosaúde, qual é a principal proposta do evento?

Celso: A proposta e objetivo principal do Metrosaúde 2016 é a criação de uma grande massa crítica envolvendo profissionais tais como médicos, enfermeiros, engenheiros clínicos e especialistas em metrologia, capazes de sugerir a elaboração de um documento de requisitos para os serviços de pós comercialização no sentido de melhorar a qualidade dos serviços nas organizações de saúde. A última edição do Metrosaúde apresentou um cenário bastante consolidado quanto a organização das empresas fabricantes em relação aos projetos dos equipamentos por elas construídos, em síntese, os problemas relacionados aos processos de concepção, certificação e homologação junto aos órgãos reguladores de produtos da saúde, especialmente Anvisa, nos parece ser um aspecto bem equacionado por parte dos organizações responsáveis. Mas a questão e nossa grande preocupação no momento é como manter estes mesmos equipamentos em uso nos Hospitais com a mesma condição de funcionamento quando da sua construção. E este ponto será bastante discutido no Metrosaúde 2016.

5. Equipacare: Não sei se é pedir demais, mas poderia dar para os leitores do nosso blog “uma palinha”, ou seja, uma pequena mostra do conteúdo que será debatido no Metrosaúde 2016?

Celso: (risos) Nós defendemos que ao se implantar um sistema de manutenção de equipamentos médico-hospitalares é necessário considerar a importância do serviço a ser executado e, principalmente, a forma de gerenciar a realização desse serviço. Não basta simplesmente consertar um equipamento – é preciso conhecer o seu nível de importância nos procedimentos clínicos ou nas atividades de suporte (apoio) a tais procedimentos.

“Não basta simplesmente consertar o equipamento. É preciso conhecer o seu nível de importância nos procedimentos clínicos ou nas atividades de suporte a tais procedimentos.”

Conhecer o histórico do equipamento, sua vida útil, seu nível de obsolescência, suas características de construção, a possibilidade de substituição durante a manutenção, enfim, tudo o que se refira ao equipamento e que possa, de alguma maneira, subsidiar o serviço de manutenção, visando obter segurança e qualidade no resultado do trabalho.

Todos esses dados vão auxiliar o técnico na análise para detecção de falhas, no conhecimento sobre a urgência da realização do serviço, no estabelecimento de uma rotina de manutenção preventiva e na obtenção do nível de confiabilidade exigido, já que uma manutenção inadequada poderá colocar em risco a vida do paciente.

É imprescindível que os técnicos participem sempre de cursos de treinamento, principalmente quando novos equipamentos forem adquiridos, que haja monitoração constante de sua produtividade e da qualidade dos serviços por eles realizados, que saibam interagir com o corpo clínico de maneira cordial e eficiente, que conheça os termos médicos para entender e se fazer entender.

É ainda imprescindível que o pessoal de apoio administrativo também esteja envolvido no tipo de trabalho do grupo de manutenção, que não se resume apenas nos serviços de manutenção propriamente ditos, mas, no suporte aos processos de aquisição de novos equipamentos, na realização ou acompanhamento de testes no momento do recebimento desses equipamentos e eventualmente na instrução aos usuários sobre a sua utilização adequada.

6. Equipacare: Uau, muito bacana! Isto é realmente tudo o que nós da Equipacare acreditamos. E você poderia nos contar quais são os destaques para a edição deste ano?

Celso: Os profissionais que participarão do Metrosaúde foram selecionados por uma comissão científica experiente a partir dos temas importantes dentro do objetivo central do Evento. Já temos como presenças confirmadas do Dr. Gonzalo Vecina Neto com a palestra Magna “A Metrologia e suas interfaces na área da Saúde. Também teremos a Dra. Maria Glória Vicente da ANVISA, o Dr. Alexandre Hermini da UNICAMP, a Enfermeira Rosa Maria Pelegrini, o Eng. João Sanches do SENAI SP e a Enfermeira Vera Lúcia Borrasca do Hospital Sírio Libanês, entre outros especialistas.

O Blog Equipacare agradece ao Dr. Celso Scaranello pela exclusiva.


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