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10 DICAS DE DIPLOMACIA PARA ENGENHARIA CLÍNICA E HOSPITALAR

diplomacia

Para quem tem acompanhado meus últimos posts no LinkedIn e no Blog Equipacare já sabe que, como gestor empresarial, minha maior preocupação está no desenvolvimento das pessoas, para constituir um time forte, centrado no cliente e com boas habilidades interpessoais. Entendo realmente que as competências comportamentais são mais importantes do que as competências técnicas, quando se fala em alcançar a satisfação do cliente.

Visitando meus últimos posts, acho que consegui contribuir um pouco sobre conceitos como Apresentação Pessoal, Etiqueta Profissional, Atendimento ao Cliente, Construção de Reputação e Conduta Ética. Todos estes temas são importantes, mas, de nada adianta, se o profissional não tiver o mínimo de habilidades em lidar com pessoas. Afinal, tudo se resume às pessoas.

Para quem ainda não leu estes últimos posts, vou deixar os links abaixo, pois os assuntos estão relacionados e se complementam:

10 dicas de Apresentação Pessoal para Eng. Clínica e Hospitalar

10 dicas de Etiqueta Profissional na Eng. Clínica e Hospitalar

Atendimento ao Cliente na Engenharia Clínica e Hospitalar

Reputação e Conduta Ética na Eng. Clínica e Hospitalar – Parte 1

Reputação E Conduta Ética Na Eng. Clínica E Hospitalar – Parte 2

Já neste próximo post, decidi contribuir com uma série de dicas, ou melhor, estratégias para uma comunicação eficiente. Ao aplicá-las, conseguimos não apenas nos relacionar melhor com as pessoas de nossa vida pessoal e profissional, mas nos habilita a sermos líderes eficazes em nossas organizações.

Todos os princípios que apresentarei neste post se relacionam ou exploram, de algum modo, a capacidade de empatia e compreensão humana. Pois, saber ver o mundo pelos olhos do interlocutor é a chave para a diplomacia

Desde já, desejo não somente que a leitura lhe agrade como que, de algum modo, contribua com sua carreira.

DICAS DE DIPLOMACIA

Os engenheiros são conhecidos por serem profissionais técnicos e práticos, mas eles também precisam ser bons diplomatas, isto é, ter habilidades em lidar com pessoas. Isso é especialmente importante quando eles lidam com equipes multidisciplinares, como ocorre na Engenharia Clínica e Hospitalar, onde o profissional precisa tanto saber lidar com médicos e enfermeiros, como também lidar com projetistas, arquitetos e fornecedores de outras empresas.

Abaixo, vamos discutir 10 TÉCNICAS de diplomacia que os engenheiros podem usar para melhorar sua capacidade de trabalhar com outras pessoas e alcançar seus objetivos.

SEMPRE COMECE DE MANEIRA POSITIVA

Comece de um modo amigável. Antes de abordar um tópico difícil, complicado ou negativo, sempre pense em maneiras de começar com um assunto mais suave, amistoso, positivo. Como as avós diziam: “uma gota de mel antes do remédio”.

Isso pode ser feito de várias maneiras, como elogiar alguém pelo trabalho que estão fazendo, ou compartilhar uma história ou anedota engraçada para quebrar o gelo. Isso pode ajudar a construir relacionamentos mais fortes e positivos com as pessoas com quem você está trabalhando e pode tornar mais fácil abordar tópicos mais difíceis ou negativos.

Além disso, essa abordagem pode ajudar a criar um clima de confiança e segurança para discutir problemas ou desafios complexos. Isso pode ser particularmente importante quando se trabalha em projetos que envolvem muitas partes interessadas, como arquitetos, gerentes de projetos e funcionários de outras empresas.

Outra forma de começar de maneira amistosa é através de perguntas abertas para entender as necessidades e preocupações das pessoas com quem você está trabalhando. Isso pode ajudar a construir relacionamentos e a criar soluções mais colaborativas e inclusivas.

Vou ilustrar com 2 exemplos:

Exemplo 1: Sempre que for dar feedback para sua equipe, primeiramente reforce os pontos fortes antes de abordar suas críticas aos pontos fracos;

Exemplo 2: Quando estiver conduzindo alguma negociação com fornecedores, sempre comece enumerando e repassando pelos pontos negociais que já foram concordados antes de adentrar nos pontos de discordância, ou nas solicitações mais difíceis. Isto é particularmente importante, pois gera um senso do esforço já realizado e diminui a percepção de distância para obter o acordo.

PARA ALCANÇAR SEUS OBJETIVOS, VOCÊ PRECISA CONSIDERAR O BENEFÍCIO PARA O INTERLOCUTOR

Ao lidar com pessoas, precisamos resolver problemas apresentando nossos objetivos e necessidades. Sendo assim, é preciso haver um esforço para construir a estrutura de nossa comunicação de maneira a apresentar porque este objetivo também será benéfico para o interlocutor.

Em outras palavras, a técnica mais eficaz consiste em apresentar PRIMEIRO o porquê tal objetivo também é de interesse do interlocutor e como atenderá às necessidades de ambas as partes. Isso pode ajudar a fazer com que o interlocutor se sinta mais investido no objetivo e mais disposto a contribuir.

Em resumo, ao lidar com pessoas, é importante pensar no que o interlocutor gostaria para fazer com que ele aceite contribuir com o que você gostaria.

Segue abaixo um exemplo de como uma comunicação por e-mail pode ser totalmente revisada, de modo a PRIMEIRAMENTE, despertar o interesse e desejo da outra pessoa, para somente DEPOIS colocar o porquê isto também é importante para você:


VERSÃO INICIAL – E-mail escrito sem utilizar as boas técnicas de diplomacia

Prezado Sr. Eduardo Silva,

A rotina de minha operação portuária está sendo muito prejudicada porque uma grande parte do material das encomendas da sua empresa estão sendo despachadas pelos seus caminhões muito tarde, quase a noite!

Esta situação está causando congestão na nossa estação, hora extra de nossos funcionários e demora no embarque dos caminhões. Em 10 de novembro recebemos um lote de 600 peças da sua companhia, que chegou às 17:30, quase no horário de encerramento! Solicitamos sua cooperação para evitar novos inconvenientes pela tardia remessa das cargas.

Gostaria de pedir que nos dias em que os seus embarques tenham um volume grande, nos envie os seus caminhões mais cedo ou, se possível, envie parte da carga até o meio-dia.

Se fizer isso, a vantagem para sua empresa será uma descarga mais rápida dos seus caminhões e a segurança de que as suas mercadorias seguirão no mesmo dia da recepção.

Atenciosamente

João Nabuco
Superintendente – Estação Portuária


Percebam como o Comunicador, não conhecendo as técnicas de diplomacia, elaborou um e-mail que inicia de forma agressiva (não começou pela “gotinha de mel”) e esperou até o final do e-mail para dizer o porquê o pedido também seria benéfico para o Interlocutor.

Vamos reescrever completamente este e-mail aplicando as duas técnicas de diplomacia apresentadas até agora neste post: (a) Começar de forma positiva e (b) Dar ênfase ao benefício para o interlocutor.


 REVISÃO – E-mail escrito utilizando as técnicas de diplomacia

Prezado Sr. Eduardo Silva,

A sua companhia tem sido uma das nossas melhores clientes durante os últimos 8 anos. Naturalmente estamos muito gratos pela preferência e temos o maior interesse em prestar para vocês um serviço mais rápido e eficiente, como bem merece.

Entretanto, preocupamo-nos informar que tal agilidade não é possível quando seus caminhões nos entregam grandes carregamentos já ao anoitecer, como no último dia 10 de novembro. Isto ocorre, porque muitos outros clientes também deixam para realizar entregas a tarde, causando congestão em nossa estação de carregamento. Com isso, seus caminhões ficam parados grande tempo, podendo até mesmo ocorrer de algum embarque ser adiado para manhã seguinte.

Isto não é nada bom para sua companhia, mas pode ser evitado caso o senhor consiga garantir a entrega dos caminhões no cais, pela manhã. Deste modo os seus caminhões poderão se movimentar com mais facilidade, sua carga receberá imediata atenção e seus funcionários poderão regressar cedo para suas casas.

Será muito produtivo se pudermos juntos contornar esta questão, pois, fora isso, estaremos sempre atentos para fazer tudo ao nosso alcance para servir da melhor forma a sua empresa.

Agradeço mais uma vez pela longa parceria, estamos a sua disposição.

João Nabuco
Superintendente – Estação Portuária


NÃO SUBESTIME O PODER DE UM SORRISO

Não subestime o poder de um sorriso. A linguagem corporal é uma parte importante da comunicação e pode transmitir mensagens fortes sem precisar de palavras. Um sorriso é uma das maneiras mais fáceis e eficazes de transmitir uma mensagem amigável e positiva.

O sorriso se traduz no cérebro do interlocutor como: “Gostei de você e estou satisfeito em vê-lo”. Isto contribui, e muito, para construir relacionamentos positivos e a tornar a comunicação mais fácil e eficaz.

Sorrir, especialmente ao se apresentar para alguém, é a melhor forma de quebrar o gelo e estabelecer um clima de confiança e segurança.

Além disso, sorrir é uma forma de mostrar que você está prestando atenção e interessado no que o outro está dizendo, e isso é particularmente importante em situações de negociação ou resolução de conflitos.

Vou ilustrar com 2 exemplos:

Exemplo 1: Mais de uma vez recebemos depoimentos de profissionais que escolheram trabalhar em nossa empresa, mesmo tendo outras ofertas, pois acharam as pessoas simpáticas e sentiram, desde o primeiro contato, que valorizamos o “calor humano”.

Exemplo 2: Dessa vez, dando um depoimento pessoal, gostaria de contar que desde que me formei em engenharia e antes de fundar a Equipacare, sempre me sai relativamente bem em processos seletivos e entrevistas de emprego. Em todas as ocasiões, eu concentrava minha energia para transformar nervosismo em simpatia. Pessoalmente, não sou uma pessoa muito sociável fora do meu círculo íntimo, mas tenho a capacidade de catalisar minha energia para extroversão, quando dou aulas, palestras, ou quando estou realizando uma venda e, no passado, quando participava de entrevistas de emprego. Acredito que o sorriso é a chave para catalisar esta energia positiva.

O PODER DO NOME

Tenha uma especial preocupação em aprender e lembrar o nome das pessoas. Saiba que o nome de alguém é para ela a palavra ou o som mais importante que existe. Desde antes de nascermos, ainda na barriga da mãe, ouvíamos ela falando com a gente pelo nosso nome.

Por isto, se você quer manter alguém atento e interessado no que você está falando ou apresentando, comece suas falas chamando o nome da pessoa.

Importante dica: caso você não tenha ouvido perfeitamente, não tenha receio de pedir para pessoa repetir o nome dela. E, se for um nome incomum, também não tenha reservas em perguntar para ela como se escreve, ou pedir para soletrar.

Sempre que você estiver em reunião com várias pessoas, comece se apresentando e pedindo para que cada um dos participantes apresente seu nome e função. Nestas ocasiões, leve sempre contigo um caderno de anotações para, logo no início, anotar o nome de todos os presentes.

Você verá como isto aproxima as pessoas e transforma as relações. Por este mesmo motivo que, no meu post sobre Apresentação Pessoal, falo bastante sobre a importância de se usar crachá no trabalho, pois quero que as pessoas saibam meu nome e, da mesma forma, quero saber o nome das pessoas com quem lido.

ENTENDA QUE TODAS AS PESSOAS DESEJAM RECONHECIMENTO E APRECIAÇÃO

O psicólogo Abraham Maslow desenvolveu um modelo para ilustrar as necessidades humanas que ficou conhecido como a Pirâmide de Maslow.  Ele propõe que existem cinco categorias básicas de necessidades humanas, cada uma das quais precisa ser satisfeita antes que a próxima possa ser alcançada. Essas necessidades são:

  1. Necessidades fisiológicas: estas são as necessidades básicas para a sobrevivência, como comida, água, ar e abrigo.
  • Necessidades de segurança: essas são as necessidades relacionadas à segurança física e emocional, como proteção contra perigos, estabilidade financeira e segurança no emprego.
  • Necessidades de pertencimento e amor: essas são as necessidades relacionadas à conexão social, como amigos, família e amor.
  • Necessidades de estima: essas são as necessidades relacionadas à autoestima e autorrespeito, como o reconhecimento e o respeito dos outros.
  • Necessidades de autorrealização: essas são as necessidades relacionadas à realização pessoal e crescimento, como a realização de metas e o desenvolvimento de habilidades.

A Pirâmide de Maslow é utilizada como ferramenta de análise e compreensão das necessidades humanas, bem como para desenvolver estratégias para gestão de pessoas, na psicologia, na administração, na educação, no marketing e em outras áreas.

Com isso, podemos dizer com base acadêmica, que as pessoas têm um insaciado desejo de reconhecimento e apreciação.

É por este motivo que, sempre que estivermos conhecendo novas pessoas ou construindo relações que desejamos que sejam solidificadas, precisamos demonstrar real interesse pelo interlocutor e, sempre que oportuno, precisamos elogiar sincera e honestamente.

Neste ponto, eu preciso esclarecer algo muito importante: elogio tem que ser sincero, pois se não for, é bajulação (“puxar-saco”).

Mas acredito verdadeiramente que todo ser humano que encontramos deva ter algo de bom para ensinar ou se apreciar. Só precisamos observar ou pesquisar. Dito isto, para uma primeira entrevista ou primeira reunião:

  • Pesquise, sempre que possível, sobre a outra pessoa nas redes sociais, procurando interesses ou histórias em comum;
  • Ao conversar, mostre real interesse e incentive-a falar sobre ela mesma, para que você possa conhecê-la melhor;
  • Ao identificar áreas de interesse em comum, converse sobre estes assuntos.

Exemplo – Certa vez, eu teria uma reunião presencial em Hospital de Curitiba com um administrador hospitalar que eu não conhecia, mas que eu gostaria que se tornasse meu cliente. O avião pousou super atrasado e, por conta disso, o potencial cliente disse que eu teria apenas 30 minutos para minha apresentação. Sabendo que 30 minutos seria muito pouco tempo para entender as necessidades e apresentar nossa solução, utilizei o tempo de deslocamento no Taxi para pesquisar o LinkedIn e redes sociais desta pessoa, descobrindo assim conhecidos em comum, dentre outros interesses e coincidências de nossa trajetória profissional. Logo que fui recebido, utilizei estas informações para gerar aproximação e, o que seria uma reunião de 30 minutos, virou uma conversa agradável de 2 horas incluindo um almoço juntos.

NUNCA DIGA: “VOCÊ ESTÁ ERRADO” ou “VOCÊ ENTENDEU ERRADO”

Se você quer ter sucesso na comunicação com outras pessoas, elimine de uma vez por todas as seguintes expressões:

  • “Você está errado”
  • “Você entendeu errado”
  • “Você não entendeu”

Para o interlocutor, dizer algo como “você não entendeu”, é similar a chamar ele de burro. E dizer para alguém que ela está errada, é colocá-la imediatamente em uma posição de defesa e reatividade que, dificilmente, ela abrirá a guarda para ouvir e compreender o que você está querendo dizer.

E, o melhor de tudo, é que é tão fácil quanto possível alterarmos estas expressões para algo positivo, que aproxima e comunica de forma eficaz. Temos que nos doutrinar a utilizar as seguintes expressões:

  • Talvez eu esteja enganado, mas aprendi algo diferente. O que você acha de…”
  • Desculpa, acho que me expressei mal, o que eu quis dizer foi …”

Exemplo: Lembro de uma ocasião em que estávamos em reunião com um potencial cliente do Rio Grande do Sul, quando nossa consultora disse algo como “Não, você entendeu errado”. Tal expressão mudou completamente a disposição do interlocutor e ele respondeu como se houvesse sido insultado. Na minha percepção, isto atrapalhou demais a continuidade da reunião.

DISCUSSÕES SÃO INÚTEIS  

Considero muito importante cultivar uma comunicação direta e transparente, onde há espaço para discordar e debater. Contudo, quando o tema vira uma discussão acalorada em que cada uma das partes assume uma posição de mostrar quem é que está certo, mesmo que você tenha os argumentos mais fortes, será impossível “vencer” a discussão, já que ganhando ou perdendo na argumentação, os dois lados sairão estressados ou contrariados. Os dois lados perdem.

E no ambiente de trabalho é recomendado evitar por completo qualquer situação que escale do debate saudável para uma discussão em tom de briga. Ainda mais se o evento se der com seu chefe ou com seu cliente.  A única maneira de ganhar uma discussão é … evitando-a.

Nestas situações mais acaloradas, utilize a técnico do S.T.O.P. (Step Back; Think; Organize; Proceed). Você verá que, na verdade, sai ganhando aquele que manteve a calma para tratar o assunto com a cabeça fria. Caso alguém inicie uma discussão, ou esteja chamando sua atenção de forma nervosa/impaciente, a  técnica do STOP pode ser aplicada da seguinte maneira:

  1. Ouça atentamente
  1. Procure áreas de concordância
  1. Adie a continuação da conversa prometendo que pensará nas críticas. Se possível, agradeça o interesse que o crítico demonstra em “melhorar seu trabalho” (isto é uma comunicação bastante poderosa para acalmar o outro lado)
  1. E, por fim, “prefira ser feliz a provar que tem razão”

Exemplo: Certa vez um médico cirurgião ficou chateado com algum problema ocorrido na estrutura do centro cirúrgico e, na frente de vários colaboradores, brigou severamente com um técnico da engenharia clínica presente no setor. Ocorre que o problema em questão sequer era algo da gestão do setor de engenharia clínica e, este técnico, teria toda a razão para discordar e rebater as críticas. Mas, mesmo tendo que “engolir sapo”, este técnico respirou fundo e se manteve apenas escutando a crítica injusta, pois percebeu que o interlocutor estava com humor muito alterado. Imediatamente após o ocorrido, procurou seu supervisor e, juntos, conversaram com o administrador do hospital sobre o evento. No dia seguinte, de volta ao centro cirúrgico, o técnico se depara mais uma vez com o tal médico cirurgião e este, espontaneamente pediu desculpas pelo ocorrido.

De outro modo, qual teria sido o desfecho caso o técnico discutisse com o cirurgião no calor da emoção?

VOCÊ CONHECE O JOGO DO SIM?

O “jogo do sim”, técnica que também é conhecida como Método de Sócrates (socrático), pois ele era habilidoso em formular perguntas que seus oponentes não poderiam deixar de concordar.

Nas suas argumentações, Sócrates formulava perguntas e diálogos, utilizando “verdades universais”, de modo a questionar a opinião das pessoas e, principalmente, para guiar a conversa para a conclusão desejada por ele. Sendo assim, as perguntas devem ser formuladas de modo a guiar o raciocínio do interlocutor gerando senso de concordância e a percepção de que a conclusão foi alcançada juntos.

Quando você estiver em uma negociação ou debate em que deseja que seu argumento prevaleça, você precisa primeiramente buscar pontos de concordância ou “verdades universais”, que são aquelas afirmações que todos concordariam, de modo a buscar logo de início o máximo de respostas afirmativas (“jogo do sim”). Isto tem um poderoso efeito psicológico.

Vamos a um exemplo, utilizando o próprio Sócrates:

Digamos que Sócrates desejasse levar seu interlocutor a questionar sua crença original de que “mentir é sempre errado”, e deseje que este interlocutor concorde com ele, de que a “moralidade da mentira é relativa às circunstâncias”. Veja abaixo como Sócrates utilizava o “jogo do sim” para guiar o interlocutor até a conclusão desejada:

[Sócrates] – Você acredita que mentir é sempre errado?

[Interlocutor] – Sim, eu acredito que mentir é sempre errado.

[Sócrates] – Então, se alguém mentisse para salvar a vida de uma pessoa, isso seria errado também?

[Interlocutor] – Bem, eu suponho que não, mentir para salvar uma vida não seria errado.

[Sócrates] – Então, você concorda que há casos em que mentir pode ser aceitável?

[Interlocutor] – Sim, eu acho que há casos em que mentir pode ser justificável.

[Sócrates] – Então, você não acredita que mentir é sempre errado, mas sim que existem circunstâncias em que mentir pode ser justificável.

[Interlocutor] – Sim, eu acho que isso é verdade.

[Sócrates] – Então, você concorda que a moralidade da mentira é baseada nas consequências e não em alguma verdade absoluta?

[Interlocutor] – Sim, eu acho que é isso mesmo.

Perceba como Sócrates guiou o interlocutor a mudar de opinião, praticamente sem perceber. E é bastante possível aplicar esta técnica de diplomacia no nosso dia a dia, inclusive, talvez você até já faça isso sem perceber. Sempre que estiver em um debate, ao invés de apresentar sua argumentação de maneira afirmativa, considere os pontos que o interlocutor não teria como discordar e, ao invés de fazer uma afirmação, faça uma pergunta do tipo: “Ok, mas você concorda que …?

SE COMETER UM ERRO, SEJA ENFÁTICO AO LAMENTAR

E quando cometemos algum erro e somos criticados com razão? 

Se você realmente cometeu um erro, pois ninguém é perfeito, seja rápido em reconhecer e faça isto de forma enfática. E, claro, informe como pretende se retratar ou resolver o problema.

Imagine que você esqueceu de enviar um relatório técnico que prometeu entregar ao cliente na sexta-feira passada e ele te telefona chateado, perguntando sobre o prometido. Tem muita gente que, nessas horas, assume uma postura de se auto justificar “é que estou muito ocupado, estou com muitas demandas”. Isto só fará com que o cliente fique mais desapontado, afinal de contas, você combinou. Então, sempre que errar, assuma imediatamente o seu erro e de forma enfática. Algo como:

“Nossa Dr. Gustavo, mas que vacilo o meu … me atrapalhei aqui e eu realmente tinha combinado de enviar o relatório na sexta-feira! Puxa vida, mil desculpas se prejudiquei seu planejamento com esta falha. O senhor é um cliente tão importante e estou realmente constrangido e chateado com minha falha. Será que se eu te enviar até hoje a noite, o senhor possa me desculpar pelo esquecimento?”

Perceba que, ao mostrar que você realmente se importou, assumiu o erro e, mais importante, está disposto a corrigir a falha o mais rápido possível, fará com que o interlocutor se desarme e fique satisfeito com a resposta.

Apesar de parecer uma técnica óbvia de diplomacia ou, mais do que isso, um comportamento que esperamos das pessoas responsáveis, já vi muitas vezes profissionais agindo de maneira oposta. A pessoa comete a falha e, ao ser criticada, entra na defensiva e prefere não pedir desculpas. Acredito até que, inconscientemente, a pessoa tem medo de pedir desculpas, pois ao assumir os erros, terá que assumir as consequências.

Mas é exatamente isso que se espera de pessoas adultas: que assumam seus próprios erros e se responsabilizem em corrigi-los!

O MOTIVO FÁCIL E O MOTIVO VERDADEIRO

Todos nós agimos com base em razões internas, sob as quais convencemos a nós mesmos para justificar as nossas decisões. O ponto é que, dentro deste autoconvencimento para fazer as coisas, existem as justificativas que parecem boas ou mais fáceis de contar para os outros, baseada em argumentos racionais e lógicos, e existem as razões verdadeiras baseadas em emoções e desejos mais ou menos inconscientes.

Então, quando nos comunicamos com outras pessoas, é importante estarmos atentos para não nos iludirmos pelas razões que estão sendo ditas da boca para fora (mesmo que a pessoa tenha se autoconvencido disso), e procurar desvendar as reais motivações. Se conseguirmos compreender e recorrer para as motivações mais nobres e verdadeiras, a chance de persuasão é bem maior.

Em resumo, as pessoas frequentemente agem de acordo com suas motivações mais profundas, mesmo que elas possam apresentar uma justificativa lógica para suas ações.

Segue um exemplo: Alguns anos atrás aqui na empresa, um  funcionário que vinha apresentando bom desempenho informou para sua liderança que pediria demissão, pois “não havia se adaptado ao trabalho”. Quando o assunto chegou até mim, recebi com estranheza, já que o profissional estava tendo ótima avaliação e parecia completamente integrado à equipe e ao local de trabalho. Pedi então para conversar com ele e, ao entrevistá-lo, fiz perguntas sobre seus objetivos pessoais, suas metas para médio e longo prazo, comparando-as com suas justificativas. Então, ficou claro tanto para mim quanto para a própria pessoa, que havia incoerência nas razões declaradas, já que as decisões tomadas conflitavam com as aspirações pessoais e profissionais. Foi somente a partir disto que, em um determinado momento da conversa, o profissional abriu outras razões mais emocionais, como poder voltar para perto da família e da namorada.

Para entender as pessoas e conseguir influenciá-las, é preciso desvendar suas motivações verdadeiras.

CONCLUSÃO

Pessoal, essas são algumas das técnicas de diplomacia que utilizo no trabalho, ao lidar com colaboradores, sócios, fornecedores e clientes. Em suma, tudo se resume a estar sempre buscando formas de melhorar a sua capacidade de comunicação.

A excelência em comunicação, depende de 8 habilidades-chave:

  1. Escutar ativamente: A escuta ativa é a capacidade de prestar atenção, compreender e responder ao que a outra pessoa está dizendo. É importante evitar julgar, interromper ou distrair-se enquanto a outra pessoa fala.
  2. Se expressar claramente: Usar uma linguagem simples e evitar jargões ou termos técnicos que possam confundir ou desmotivar a outra pessoa.
  3. Ser empático: Colocar-se no lugar da outra pessoa e tentar entender sua perspectiva. Isso pode ajudar a construir confiança e aumentar a compreensão mútua.
  4. Ser honesto e transparente: Sendo honesto e transparente, você pode construir relacionamentos de confiança e evitar mal-entendidos.
  5. Ser flexível: Estar disposto a mudar de opinião ou a considerar novas ideias e perspectivas é importante para uma comunicação eficaz.
  6. Dar Feedback: Fornecer feedback construtivo e aceitar críticas com humildade é uma forma de melhorar a comunicação.
  7. Manter a calma: Mantendo a calma, você pode evitar discutir e se comunicar de forma mais eficaz, mesmo em situações de conflito.
  8. Adaptar-se ao seu interlocutor: Adaptar-se ao seu interlocutor, usando uma linguagem e uma abordagem que sejam apropriadas para a situação e para a pessoa com quem você está falando.

Sei que é muito mais fácil falar do que fazer e eu que estou aqui transmitindo estas dicas tenho meus momentos de dificuldade (especialmente com a dica 7 acima, kkk). Somos humanos e todos temos dias bons e dias ruins. Mas se tem algo que vale a pena se esforçar para evoluir é isso, investir nas relações.

Se você também gosta deste tipo tema, convido a ficar ligado aqui no blog, pois em breve retornarei com mais dicas e experiências que te ajudarão na sua carreira!

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